segunda-feira, novembro 28, 2005

há 10 anos em cena!

tudo o que se diga sobre o que aconteceu na passada sexta feira no auditório pedro ruivo, em faro, é pouco. foram 97 minutos (+ coisa - coisa) de pura loucura. o bicho pega-se e fica-se irremediavelmente agarrado. só apetece repetir a dose.
as obras completas de william shakespear em 97 minutos
companhia teatral do chiado: o site e o blog

ainda não é hoje...

"de tanto bater o meu coração parou" ficou adiado para amanhã.
oooooooooooooooooohhhhhhhhhhhhhhhhhhh

quarta-feira, novembro 23, 2005

entrada grátis !!!

danae
"é detentora de uma das mais sensuais vozes que têm aparecido no panorama musical português. dotada de um talento para a interpretação e para a composição, esta jovem de 24 anos canta e aquece com as suas melodias tranquilas e embaladoras. em vésperas da apresentação do seu primeiro disco, que contou com a produção de pedro renato , compositor dos belle chase hotel , danae apresenta-se para espectáculos ao vivo em todo o país."


hoje - 22h00 - sociedade recreativa farense "os artistas"
organização: encontros alcultur - faro 2005 / cantigas da rua

segunda-feira, novembro 21, 2005

do outro lado do espelho

faz hoje exactamente uma semana que fui ver o alice.
não é fácil falar sobre esta fita.
visual e plasticamente é perfeita.
a fotografia é perfeita.
a luz é perfeita.
marco martins tem talento.
percebe do seu métier.

mas alice é, na minha opinião, uma fita vazia.
talvez seja essa a intenção.
porque é uma fita sobre o vazio.
o vazio que o desaparecimento de uma criança deixa nas vidas dos seus pais.
mais precisamente, do seu pai.
e de como este pai tenta preencher o vazio.
e de como esta tentativa se torna obsessão.

é incontornável a referência a antonioni, ao ver alice.
e não é apenas pela alusão ao mítico blow up, através das ampliações das imagens que este pai recolhe com as suas onze câmeras.
jean moure, num ensaio brilhante sobre o realizador italiano, diz que ele é o cineasta do vazio.
o vazio que resulta da rejeição das estruturas tradicionais da narrativa.
o vazio da realidade interna das personagens que raramente se abre para o exterior.
o vazio da incapacidade de comunicar, tão própria do homem moderno, por mais contraditório que isso possa parecer.

antonioni tinha um “truque” excepcional para dar às suas fitas, cheias de planos longos e introspectivos, um ritmo fresco, que permite ao espectador respirar e desfrutar, sem descaracterizar o seu estilo próprio: a montagem.
com este cineasta, a montagem ganha um novo fôlego, pois é a movimentação dos actores e a dinâmica criada entre eles (e com o espaço em que se movem) que marcam os momentos fortes da narrativa, ao contrário da montagem/corte clássica.

sente-se em alice que marco martins procura uma linguagem do vazio.
mas sente-se também que um voo tão alto saiu caro demais.
é a sua primeira longa metragem.
mas o resultado fica muito aquém das expectativas.
falo exclusivamente das minhas, é óbvio.
porque a crítica (nacional e internacional, diga-se) parece unânime em aplaudi-la efusivamente.

no escurinho do cinema ninguém aplaudiu.
apenas algumas bocas se manifestaram, mastigando frenética e compulsivamente as típicas bolas de esferovite a que se convencionou chamar pipocas.

a alice, essa, ficou irremediavelmente perdida.
do outro lado do espelho.
que é como quem diz, do outro lado da tela - acredito que era possível fazer uma fita menos vazia, mesmo com o vazio lá dentro.

quarta-feira, novembro 16, 2005

cala-te, homem!

gabriel alves está para o comentário futebolístico como fidel castro para o discurso político.

segunda-feira, novembro 14, 2005

castello-lopes 1 - sbc 0

já se pode ver o alice na guia!
horários: 13h25 - 16h25 - 18h45 - 21h25

granda gaffe (ou pura obsessão)

no telejornal de sexta-feira, na rtp1, o pivot de serviço introduzia uma peça acerca dos comentários de carvalho da silva, secretário-geral da cgtp, a propósito das declarações de josé socrates sobre o aumento do salário mínimo.
em rodapé podia ler-se: "cavaco silva comenta as declarações do primeiro-ministro"...

sexta-feira, novembro 11, 2005

o paul auster ia gostar desta...

- dá-me um euro p'ra eu comprar qualquer coisa p'ra comer?
- dê-me um minuto. deixe-me só guardar estas coisas no carro.
-' tá bem.
(...)
- só tenho cinco euros... venha comigo ao café. pago-lhe o pequeno almoço.
- não tenho fome agora. quero um euro p'ra comprar uma coisa p'ra pôr numa comida.
- hum... vou ver se troco a nota.
- obrigado.
(...)
- olhe, ninguém tem trocos. desculpe, mas já estou atrasada...
- pode ir comigo a este mini-mercado?
- ... posso.
(...)
- então, não encontra o que quer?
- não... o que é isto aqui?
- isto é caldo de galinha. em cubos.
- é isto mesmo!
- ok.
(...)
- quanto é?
- um euro e cinquenta e nove cêntimos.
(...)
- não tem mais pequeno?
- não, só tenho cinco euros.
- hum... isto tá difícil de trocos, hoje, ainda é cedo...
- pois.
- aqui tem.
- obrigado.
- obrigado.
(...)
- obrigado.
- de nada.
- adeus.
- então, adeus...

alergia de estimação


ele é, de facto, um comunicador de massas.
para os integrados, isso não é necessariamente mau.
para os apocalípticos, isso não é necessariamente bom.
umberto eco não o disse, é certo.
mas também, nunca deve ter visto o cofre.
nem o deve ter visto a chorar nos globos de ouro.
eu vi. e também chorei. de alergia.

quinta-feira, novembro 10, 2005

no país das maravilhas

no país das maravilhas, muitas vezes a província espera demasiado tempo para poder ver certas fitas.

no país das maravilhas, alice vem à província ainda este mês.

dia 24 de novembro
21h30
cine-teatro antónio pinheiro
tavira

quarta-feira, novembro 09, 2005

coincidência?




quem costuma estar ligado à antena um, já deve ter ouvido a inconfundível voz de miguel guilherme a anunciar um novo programa chamado "histórias de vida". o objectivo é que os ouvintes enviem uma história real para depois ser lida no éter. ele diz qualquer coisa como "quanto mais estranha, melhor". este conceito é em tudo muito semelhante a um projecto desenvolvido pelo escritor norte americano paul auster, amante dos acasos e das bizarrias. esse projecto já resultou até num livro, como se pode confirmar aqui. será mera coincidência? hum...

"mulher. mãe. criminosa."


é praticamente impossível abordar um tema tão delicado como o aborto sem cair em moralismos pacóvios.
mike leigh consegue-o.
consegue-o sobretudo graças a um realismo suficientemente cru para nos esquecermos que estamos a olhar para uma tela ou para um ecrã.
consegue-o porque posiciona esta narrativa à margem da discussão entre o bem e o mal.
vera drake é uma fita a ver.
antes do referendo.
tempo é o que não falta ...

segunda-feira, novembro 07, 2005

é já dia 28!

finalmente vamos poder ver esta fita no ccf.
descobri-a há alguns meses nas novidades da atalanta e apaixonei-me.
pelo título do filme.
pelo cartaz.
pelo olhar do monsieur romain duris.
espero não me desilidur.

dia 28 de novembro, às 21h30, no IPJ

suburbia

a frança está em guerra civil. exagero? dum lado da barricada está a polícia e está um ministro que usa a palavra "escumalha" para se referir publicamente aos cidadãos suburbanos de paris. do outro lado estão os filhos da suburbia, uma espécie de terra de ninguém em que ninguém se sente em casa. porque a suburbia não é frança nem magreb, não é frança nem portugal, não é carne nem é peixe. a suburbia é uma espécie de enclave mental e cultural, um depósito de almas humanas, comodamente distante do coração da cidade cosmopolita, arejada e luminosa. demagogia? talvez... queimar carros não ajuda a evitar os clichés associados ao vandalismo e ao comportamento marginal. no ano passado estive em paris pela primeira vez. fiquei alojada, durante cerca de 12 dias numa pequena localidade a 30 km da capital. o clima de guerrilha estava ali latente. contido, mas era possível sentir-lhe o cheiro. um pouco como em toda a parte. como em carcavelos. como na los angeles retratada em colisão, a surpreendente fita de paul haggis. mais do que uma questão de cor de pele, mais do que uma questão de racismo, de diferenças culturais ou de identidade, deparamo-nos constantemente com situações próprias da condição humana. próprias da maneira como o ser humano trata o seu próximo e o seu semelhante. uns mais próximos que outros. uns mais semelhantes que outros. como haggis demonstra, não há respostas fáceis. desde que os subúrbios de paris começaram a arder, literal e simbolicamente, não consigo parar de pensar na visão do realizador português joão canijo, retratada em ganhar a vida, que conta com o desempenho, a todos os níveis brilhante, de rita blanco. vale a pena ver(ou rever).

a primeira "posta"

é-me difícil escrever um primeiro post que não me soe rídiculo.
ou então sou eu que tenho falta de imaginação.
ou falta de conversa.
ou falta de jeito.
escrevo e apago.
reescrevo e apago tudo de novo.
recomeço e reescrevo tudo de novo.
já estou nisto desde sábado.
"que tom usar?"
"intimista?"
"académico?"
"urbano-depressivo?"
"que ponto de vista assumir?"
"que assunto abordar?"
"a impressão inicial é muito importante..."
blá blá blá blá blá
irra!