quinta-feira, julho 27, 2006

quando os nossos irmãos são músicos, são os melhores do mundo


sam, baixista dos ether
guadiana fest
08.07.2006
foto by angeloflight

quarta-feira, julho 19, 2006

bob geldof & the waterboys - antarte make poverty history / 7 de julho / pavilhão atlântico


passou completamente despercebido, mas foi o melhor concerto do ano, arrisco a dizer.
o melhor concerto da minha vida, foi de certeza.
ver e ouvir mike scott ao vivo foi uma experiência avassaladora.
daquelas que as palavras não conseguem explicar.
um mito da minha adolescência que permaneceu surpreendentemente intacto.

a voz: uma das mais apaixonadas e apaixonantes que conheço, carregada de sentimento e capaz de transmitir todas as subtilezas escondidas nas palavras.

as letras: totalmente inspiradoras, muitas remetem para ambientes inesperados - a espiritualidade que transcende o meramente religioso, os terríveis conflitos internos com que todos nos deparamos, a mistura deliciosa entre o sagrado e o profano, colocando no mesmo nível pã e jesus - celebram a vida e retratam o ser humano na sua global complexidade e enormes contradições.

a música: a brilhante "big music", com uma percussão demolidora, violinos doridos e saxofones introspectivos.

não deixo de pensar que desde este reencontro com mike scott e com os the waterboys tenho experimentado uma certa espiritualidade, algo que julgava ter extirpado completamente da minha vida.

repito a mim mesma que a péssima experiência que vivi dentro de um grupo religioso não tem nada a ver com a verdadeira espiritualidade.

e em pano de fundo para os meus pensamentos oiço repetidamente a voz de mike scott no refrão da glastonbury song: "i just found god where he always was".

fora de campo: futebol e cinema (ainda a tempo de escrever um post sobre o mundial?)

tal como nos filmes de antonioni e de hitchcock, tudo o que de mais importante se passou na final do mundial de futebol de 2006, estava fora de campo: zizou. quase que o conseguia ver no balneário, a descalçar as botas, a chorar de raiva e a amaldiçoar materazzi, enquanto na relva os seus colegas se degladiavam contra os italianos. era possível ler-lhes no rosto o desespero que a sua explusão provocou. a estrela (de)cadente sucumbiu a um momento de fraqueza, manchando um curriculum impecável. há momentos em que reagimos a quente, correndo o risco de nos arrependermos amargamente. no entanto, para mim, o verdadeiro vilão desta fita será sempre materazzi.