olhando para trás, agora já com algum distanciamento, posso dizer - com toda a tranquilidade - que 2005 foi um ano terrível. isto, partindo do princípio que é possível traçar perfis anuais da vida da pessoa, do dia 1 de janeiro ao dia 31 de dezembro, que acho não, mas vou-me vergar a isso, pois sou péssima em datações mais precisas. uma das razões deste post é exactamente perpetuar a memória dos acontecimentos pois, se bem me conheço, daqui a uns aninhos já não sei sequer se foi neste século ou no passado. e sei que vou gostar de ler isto.
em 2005 tudo se desmoronou, disso tenho eu a certeza. muitas coisas terão concorrido para isso, mas não há pachorra para desfiar o rol agora. já passou. ou melhor, houve transformações, redifinições, regenerações. foi um processo longo e penoso. mas o que não te mata faz-te mais forte.
não me interessa - nem nunca interessou - perceber se estava em depressão, com um estado depressivo blá blá blá e/ou outras nuances que tais. o sofrimento psicológico tem muitas formas, mas basta-se a si próprio como definição. eu só precisava que alguém idóneo me garantisse que eu não estava louca e que a situação poderia mudar. e isso aconteceu. já corria então o ano de 2006.
é curioso como, até 2006, eu pensava que as pessoas não mudavam. que a maneira de pensar e de agir de uma pessoa eram quase uma espécie de impressão digital indelével. muito do que se passava à minha volta parecia confirmar-me isso. mas como estava enganada! passei a odiar - e desprezar - de uma forma totalmente nova e enérgica, todo o tipo de determinismos, verdades absolutas, certezas, manipulações. passei a aceitar que tudo muda, a todo o instante, que quem pensa que nada muda é, no mínimo, tolo. e isso permitiu que me tornasse - finalmente - uma pessoa livre. e deu-me paz.
ao mudar a minha maneira de pensar, eu mudei. além disso, passei a conhecer-me muito melhor. a ouvir e a perceber a minha vontade. a gostar mais de mim. hoje sei muito bem o que não quero. e fiz alguns novos bons amigos. uma das coisas mais importantes que aprendi foi a rejeitar coisas - situações, relações, experiências - que sentia que me faziam mal, apesar de terem uma - enganosa - aparência de benfeitoria. rejeitar algo que parece bom, mas que me faz mal. uma lição apenas aparentemente simples. por outro lado, havia coisas na minha vida que eu classificava de más - por pressão social, cultural, etc. - mas que me faziam muito bem. e passei a aceitá-las e a vivê-las, sem complexos nem preconceitos. resumindo e concluindo, em 2006 passei a ser dona da minha vida e 2007 foi o ano da consolidação de tudo isto.
o que é que me espera em 2008?
não faço a mínima ideia, mas... "look at my face: am i bothered?"